quarta-feira, 29 de setembro de 2010

somos todos promíscuos.

sou promíscuo, sim. admito isso. e acho que não há nada mais natural do que a promiscuidade. talvez nem tanto para o ser humano quanto é pros demais animais, mas é.
sabe, já fomos todos apenas naturais. temos dentro de nós toda a promiscuidade humana, que foi mascarada ao passar de nossos anos. idealizada para cabermos no mundo da dignidade. bullshit, somos todos promíscuos.
procure dentro de si. vai se encontrar na internet vendo vídeos pornográficos com pra lá de tantas pessoas. vai se dar conta que não perde aquela olhada (por vezes, maldosa) nas senhoras burguesas por entre as calçadas. tu és um safado! mas pode aproveitar sua taradeza em atitudes melhores.
já havia me esquecendo... creio que o homem tem mais facilidade a encontrar a promiscuidade em si mesmo. pois nele de certa forma isso é até incentivado. visto que as mulheres crescem com opiniões muito fantasiadas com relação a sua sexualidade, e quando descobrem, -isto é, se descobrem- já é tarde demais. a menos tarde demais para estarem nesse contexto.
e eu, como homem, não consigo me imaginar fora disso. além de já ter me criado num mundo onde o homem "pode" ser assim, decidi optar por dar adeus a dignidade. infelizmente não a tudo, mas meu íntimo, ninguém precisa saber. e se souberem, continuará sendo meu, e íntimo. não?
não estou querendo dizer que consigo diversões fáceis por aí, não consigo. afinal, isso é bem raro. mas não é por isso que abandonarei minha opinião de que o sexo com qualquer pessoa, sem nenhum "sentimento", possa ser bom. ótimo.
esse é um assunto meio delicado. afinal, o sexo é, e talvez sempre será o maior tabu. e por evitarmos tanto falar sobre ele ou admitir a verdade, é que ele é um dos maiores combustíveis da força de vontade. admito que não tenho moral o suficiente para sair dizendo por aí que tenho vontade de transar com meio mundo. (inclusive -bota inclusive nisso- desconhecidos.) mas, se tivesse, eu seria ao menos entendido?
receberia muitas críticas de moralistas, isso sim. "maldito!" "pecador!" "nojento!". seria visto como uma pessoa que não pode ser levada a sério. e eu sou mesmo. o problema está em ser discriminado. apesar de não fazer mais tanta diferença pra mim hoje.
ser discriminado por não amar, criar laços, ter sentimentos. o que é um grande preconceito. (e por sê-lo, ignorante.) já que em momento algum eu disse que deixo de criar laços, respirar o ar puro da paixão. sabe, fall in love. de sentir carinho, o afeto. posso sim, não sentir por uns ou outros. mas fluindo, eu posso amar, cuidar, necessitar, acarinhar e tudo que um amante comum faz. temporário ou não.
mas o corpo e o organismo não necessitam disso tudo para que possam se satisfazer. e o coração é grande o suficiente para caber inúmeras pessoas. o fato está em que um, -nesse caso- independe do outro. e que eu, sei disso.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

perdoem-me o assunto extremamente clichê: nostalgia

nostalgia, sensação burguesa. sabe, de rico. afinal, nem todo mundo conhece o significado dessa palavra. tenho ouvido falar bastante nela nesses últimos anos. deve ser a globalização. gente com nostalgia, depressão, bipolaridade e essas coisas do mundo moderno, you know.
a nostalgia, em mim, vem carregada de tristeza. mas é como música, a mesma que lhe causa certa dor, as vezes te conforta, como um ciclo.
mas ter sentimentos não é coisa de rico. chamo a nostalgia de coisa de rico porque ela está entre duas sensações e uma delas é o dejavu. (pane que só dá em mente de rico.) a outra é a saudade, um pouco mais comum pro povo brasileiro.
é como o dejavu pois você parece sentir aquilo novamente. é como sentir que não mais viveu, depois do momento em questão, que não possui mais experiências. como se tivesse restaurado o sistema de um computador e parasse ali, sem atualizações. por quanto tempo a nostalgia durasse.
eu sei, parece delicioso. mas não é. te falta ainda alguma coisa, porque você não está de fato vivendo aquilo, só parece. (mesmo que muito.) essa é a dor e é aqui que está a pitada de saudade. uma pitada que faz muita, e se me permite dizer, toda a diferença.
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bom, acontece que estava eu em santo andré (sentado no ponto, esperando ônibus para voltar pro serviço) quando uma senhora, uma velha, sentou ao meu lado com aquele perfume. eu não tinha noção de onde eu conhecia aquele cheiro, mas tinha (e tenho) a certeza de que o conhecia. (e vai ver era de algum perfume antigo.)
ouvindo 'Pine' do Oceansize (no mp3) me dei conta de que passei a música toda naquela minha percepção olfatal.
a nostalgia é algo comum, mas nesses casos -quando se dá pelo cheiro- o buraco é mais embaixo. você é transportado de corpo e alma. raramente a sinto, como senti nesse dia. enquanto a música rolava, meus olhos não mais enxergavam a doença do mundo. mas nem eu sabia o que estavam enxergando!
como num filme, a música acabou e só aí fui me dar conta de que aquela senhora já havia pego o ônibus e que talvez eu nunca mais fosse sentir aquele cheiro novamente.
ela me apareceu como um anjo. um anjo que abriu minhas feridas, me trouxe dor e levou embora a minha esperança do tão sonhado passado.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

uma adocicada seria bom

-gente, beijo. até mais. - é assim que começa mais um dos meus dias salgados - como almoço e janta - sem que o anterior termine.
não consigo encerrar o dia pois passo todo o fim dele a procura de algo doce. os dias se acumulam nas minhas costas. não há intervalo entre um e o outro.
assim, perco tudo que  há de mais doce no dia, o fim dele. ou seja: o sono. o sono é doce. é suave de maneira infinita e momentânea. assim como a morte e toda a verdade do mundo.
sou obrigado então, nos finais de semana, a encerrar todos os dias anteriores. os processos. sou obrigado a num passe de mágica, abrir um novo processo para a semana seguinte. mas não encerro o anterior de maneira adocicada! ah não. encerro de maneira salgada - como almoço e janta - fingindo pra mim mesmo que não.
mas sei que não é doce realizar tarefas atrasadas. o doce desses dias está nos risos e sorrisos. nos abraços e amassos.
nesse caso, se encerro os dias, perco todo o doce. se me delicio com os doces, tenho que tentar não dar pane na semana seguinte. afinal, quem aguenta 2 semanas num único dia? há quem aguente, mas o gosto é azedo.
mas sempre aparecem aqueles momentos. ah esses momentos! os agridoces! esses sim são os melhores momentos que qualquer homem pode desejar! tive deles hoje, ao encontrar amigos e sentir aquele gostinho doce, mesmo com toda a acidez do dia. mas lhes digo uma coisa: não fiquem ansiosos pelos momentos agridoces, porque assim eles nunca chegam. e quando deveriam chegar, chegam no máximo doces.
e assim numa mistura de sabores, concluo que minha vida está destinada a ser salgada. assim como o almoço e a janta.
mas tem um momento, - o encontro dentro de todas essas limitações - que sem ele eu não aguentaria. não é o melhor momento que eu poderia ter, mas me salva constantemente. tento me contentar com ele. (afinal a gente sempre se adapta a tudo.) e é a esse momento que eu dou o nome de amargo.

sábado, 18 de setembro de 2010

semelhanças entre escrever e cagar

cagar pra mim é como escrever: nem sempre me liberta de todos os demônios, mas não consigo parar de fazê-lo. deposito nesse ato meu sentimento de sossego, libertação e de sossego pós-desassossego. leva embora meu tempo fútil. meu tédio, minha sensação de invalidez. me sinto válido cagando. pouco, sabe. pelo menos não estou na internet.
confesso que realizo um esquema para o início do ritual. mas depois, deixo a caneta deslizar.
vai que vai, tudo sai! assim como vomito tudo na folha de papel. opa! nem tudo! sempre falta alguma coisa que me deixa inquieto. assim como aquele parágrafo que não saiu como eu queria.
mas há experts no assunto que chegam e simplesmente 'fazem' obras que poderiam ser comparadas a Hamlet. sem ao menos pensar. saem do banheiro como se nada tivesse acontecido. nem deixam rastros. e ah como eu me sinto realizado ao conseguir concluir uma simples crônica!
quem dera eu fosse assim. eles não idealizam o cocô. somente eu, porque sofro com isso. já ouviu falar que a metafísica é a consequência de sentir-se mal?
então aqui afirmo que só as minhas palavras, são como bosta. escrevo e cago pelo mesmo motivo: meu próprio alívio. à você, caro leitor, se gostou desta leitura ou de algum outro texto meu, só me resta dizer-lhe: você gosta de merda.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

quero me sentir novo

quero me sentir novo.
tomo banho, lavo o cabelo, escovo os dentes, faço a barba.
eu quero me sentir novo.
me visto ao pensar que não tenho preocupação nenhuma.
quero me sentir leve.

sabe a diferença entre se sentir leve e se sentir novo?
ao comer, abandono as esperanças de me sentir leve.
o físico é tudo. não me sinto leve, porém me sinto novo.
ao sentir fome, me sinto incompleto.
não me sinto pronto,
não me sinto novo.

qual seria de fato o meu desejo,
me sentir leve ou me sentir novo?
o meu desejo de fato é me sentir inútil.
inútil para mim,
inútil para ti e inútil para o mundo.
inútil pra mim, eu não saberia o que eu viria a querer.
iria simplesmente querer.
inútil pra ti e para o mundo,
não viria a realizar tarefa alguma.
simplesmente cumpriria o meu desejo instintivo.
o meu desejo instintivo não iria além do que eu viria a poder fazer,
a menos que envolva outro ser.

vou dar-lhes um exemplo simples:
um gato não tem o desejo de voar,
ele apenas deseja (e não possui o desejo) pegar um pássaro que está nos ares.
ele se sente incapaz daquilo naquele momento,
mas não se sente incapaz de voar.
ele não tem o conhecimento da "possibilidade".
logo, não se sente limitado.
sente-se incapaz de alcançar o desejo no momento.
as sensações do gato são apenas momentâneas,
ele não carrega para si.
isso é sentir-se inútil,
algo inatingível para a humanidade.
sentir-se inútil é não deixar rastros,
não saber ou conhecer.

sabendo da impossibilidade de sentir-me inútil,
o quê é que me resta?
querer me sentir novo.
eu quero me sentir novo.
sentindo-me novo eu estaria pronto pra saber,
conhecer e realizar qualquer feito.
sem possuir o fardo passado...
seria novo.
quero me sentir novo.
há possibilidade de sentir-me novo,
com tantos anos de idade?

sabendo da impossibilidade de sentir-me novo,
o quê é que me resta?
querer me sentir leve.
eu quero me sentir leve.
sentindo-me leve eu estaria pronto pra não saber,
conhecer ou realizar qualquer feito.
já possuiria um passado de grandes realizações, seria leve.
quero me sentir leve.
há possibilidade de sentir-me leve com tantas pendências?

sabendo da impossibilidade de sentir-me leve, penso eu:
tanto faz o que me resta.