pré-textos são ideias que acontecem depois da ideia de escrever algum texto, e sempre iniciam minhas postagens/textos. preciso dessas ideias pra contextualizar, mas os textos também funcionam independentemente. sendo assim, não são nada mais que uma captura a mais e ao redor daquele momento em que quis escrever.
e esse é o dessa vez: busquei, na minha mochila, uma caneta pra escrever. abri a pasta que coloquei de volta aqui há pouco tempo, pra ver se tinha uma caneta ali, mas só encontrei um lápis. o fato é que eu gosto de escrever/desenhar e marcar o que sou temporalmente, com caneta, não com lápis, que eu posso corrigir o erro, mas ele não estará mais tão presente visivelmente como com uma caneta, que ao riscar uma palavra/frase pra dizer que não serve praquela ideia, sou lembrado dos conflitos que me levaram a uma melhor perspectiva daquela ideal captura. inclusive, agora que estou digitando o texto no pc, to encontrando diversas rasuras nas ideias.
enquanto buscava a caneta na pasta, pensei na diferença sistemática que dou pras coisas que guardo na minha mochila. ora veja: ano passado inteiro andei com essa pasta na mochila. ela contém o quê? ou coisas importantes para serem carregadas no dia-a-dia (como textos/instruções sobre coisas que utilizo no dia-a-dia) ou coisas que eu não terminei de ler. o foda é que eu nunca termino, enche a mochila de coisas que eu também não li, também não quero que amasse, mas fora da mochila, porque são "atuais demais" praquela pasta, mas leio, pois está fora. é como um engavetamento, pensando por "logísticas" de um dia-a-dia mecânico.
aproveitei que peguei a pasta - pra procurar a caneta pra escrever (no caderno) - e guardei todos os textos soltos que estavam espalhados no meio das páginas do meu caderno. assim, encontrei um texto que me contempla ideologicamente e pensei em dar pra pessoa do meu lado no busão (engraçado que a partir dessa última palavra "pessoa", começa uma nova página aqui no caderno, despertando a ideia de que se a pessoa ao lado quiser olhar pra cá e começar a ler, vai ler sobre eu falando sobre ela), assim como já havia feito outra vez, mas dessa vez em troca eu ia pedir uma caneta emprestada. então, antes de colocar em prática, encontrei Esta caneta que vos fala. ainda assim, senti que houve troca entre mim e a moça, porque ao oferecer o texto à ela, ela me respondeu aceitando-o e lendo, algo que já me felicita. - pensar sobre como minha interferência no seu dia-a-dia mecânico vai se dar, a partir de agora, na sua vida, e chegar a conclusão de que é uma incógnita e que eu agi interferindo no espaço/tempo e gerando um conflito com noções nulas de resultado, é um grande passo pra experimentar a noção do "existir".
voltando à caneta, lembrei que enquanto procurava por ela, pensei: "uma caneta ou ideia de caneta". ideia de caneta, algo que me possa dar um resultado como o da caneta, a partir da abstração do nome do objeto à ele. escrever o que penso também tem a ver com isso, não sigo uma ordem perfeita para o entendimento de cada coisa dita, mas capturo, também, como uma pessoa com dúvidas. tenho mais dúvidas sobre o que escrevo do que as pessoas que estão lendo essa confusão toda.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
agora com maiúscula (ou Resultado de uma imersão em fotos que me marcaram no face, ano passado)
na hora que guardei o livro pra pegar o caderno e escrever isso, começou, no mobile, a tocar "Troubbble", do Stephen Malkmus. agora já acabou, mas ela tem a ver com o que vem pela frente.
em 2004, conheci duas garotas que eram amigas, e uma delas me apresentou o artista mencionado e o disco em que essa música se encontra. o levei pra casa e o dichavei, principalmente a música citada. o coloquei no celular pra ouvir no mês passado, coincidentemente, porque há duas semanas ela me visitou e hoje novamente a encontrei. o fato é que em 2008 nos afastamos e, hoje, ela, casada, leva uma vida muito diferente da que levávamos e da que atualmente levo. então, por conta disso, perdi o contato com ela - a convivência, os costumes, gostos e opiniões que tínhamos em comum - o que não nos impediu de marcar essas reuniões.
hoje, completamente mudado (convivi com ela enquanto tínhamos, respectivamente, eu e ela, dos 12 aos 16 e 19 aos 23 anos), fui até sua nova casa para conhecer seu espacinho, sua parceira e parte da sua vida. o que me levou a questionar: por que nos gostamos? por que insistimos, agora, depois de anos? desde esses encontros, não a via desde 2010 - estamos em 2013. o que mantém os amigos ligados, se não os costumes, gostos, opiniões e convivência, se somente, em último caso, forçada? o que nos mantém ligados? um passado em comum? um carinho pelas afetividades passadas, em comum? mas e se o que nos ajudou a construir esse afeto na época, hoje não existe mais?
estou feliz de voltar a vê-la, poder tentar planejar algo para alguma parte do futuro em que ela exista. conversar e conhecer esse novo "eu" dela, 3 (ou 5, se for pra ser justo) anos envelhecido, vivido, passado por dificuldades, realidades, idealidades, mundos, sorrisos e lágrimas que se formaram longe de mim. mas e ela? ela ficou feliz! mas por quê? será que ela ainda me reconhece? ou será que ela tá gostando de poder se relacionar com esse novo amigo, o "novo eu"?
sabemos, ao trocar palavras, feições e gestos, que somos estranhos. mas, de certa forma, eu ainda a reconheço. não sei se ela mudou tanto, mas ainda que sim, eu a reconheceria. o jeitinho - que é o que, na verdade, me liga às pessoas - não muda. não mudou nela, não mudou em mim. pode ter sofrido alterações, mas esse Jeitinho, que é o... perdão, O modo de interagir e correlacionar-se com o seu redor, adquirido a partir do momento em que se tem o primeiro contato com a linguagem, não se desintegra assim. todo mundo tem isso, uns mais específicos que outros, eu diria, sendo grosso, ao menos ao passar pelo meu "filtro". por exemplo, eu já deixei de sentir saudades de alguém por ter me aproximado de outro alguém com o Jeitinho muito parecido - as vezes, até o momento (ou não), inconscientemente.
acho que ela gostou do que eu sou hoje. até cogitou voltar a produzir (imagino que eu tenha sido ao menos um empurrãozinho). como sempre, nos demos bem, e, pelo jeito, ela também preza pelo Jeitinho, ainda que inconscientemente.
o disco acabou e recomeçou enquanto eu escrevia esse texto, e agora, ao final dele, ironicamente, tá tocando a minha atual favorita.
em 2004, conheci duas garotas que eram amigas, e uma delas me apresentou o artista mencionado e o disco em que essa música se encontra. o levei pra casa e o dichavei, principalmente a música citada. o coloquei no celular pra ouvir no mês passado, coincidentemente, porque há duas semanas ela me visitou e hoje novamente a encontrei. o fato é que em 2008 nos afastamos e, hoje, ela, casada, leva uma vida muito diferente da que levávamos e da que atualmente levo. então, por conta disso, perdi o contato com ela - a convivência, os costumes, gostos e opiniões que tínhamos em comum - o que não nos impediu de marcar essas reuniões.
hoje, completamente mudado (convivi com ela enquanto tínhamos, respectivamente, eu e ela, dos 12 aos 16 e 19 aos 23 anos), fui até sua nova casa para conhecer seu espacinho, sua parceira e parte da sua vida. o que me levou a questionar: por que nos gostamos? por que insistimos, agora, depois de anos? desde esses encontros, não a via desde 2010 - estamos em 2013. o que mantém os amigos ligados, se não os costumes, gostos, opiniões e convivência, se somente, em último caso, forçada? o que nos mantém ligados? um passado em comum? um carinho pelas afetividades passadas, em comum? mas e se o que nos ajudou a construir esse afeto na época, hoje não existe mais?
estou feliz de voltar a vê-la, poder tentar planejar algo para alguma parte do futuro em que ela exista. conversar e conhecer esse novo "eu" dela, 3 (ou 5, se for pra ser justo) anos envelhecido, vivido, passado por dificuldades, realidades, idealidades, mundos, sorrisos e lágrimas que se formaram longe de mim. mas e ela? ela ficou feliz! mas por quê? será que ela ainda me reconhece? ou será que ela tá gostando de poder se relacionar com esse novo amigo, o "novo eu"?
sabemos, ao trocar palavras, feições e gestos, que somos estranhos. mas, de certa forma, eu ainda a reconheço. não sei se ela mudou tanto, mas ainda que sim, eu a reconheceria. o jeitinho - que é o que, na verdade, me liga às pessoas - não muda. não mudou nela, não mudou em mim. pode ter sofrido alterações, mas esse Jeitinho, que é o... perdão, O modo de interagir e correlacionar-se com o seu redor, adquirido a partir do momento em que se tem o primeiro contato com a linguagem, não se desintegra assim. todo mundo tem isso, uns mais específicos que outros, eu diria, sendo grosso, ao menos ao passar pelo meu "filtro". por exemplo, eu já deixei de sentir saudades de alguém por ter me aproximado de outro alguém com o Jeitinho muito parecido - as vezes, até o momento (ou não), inconscientemente.
acho que ela gostou do que eu sou hoje. até cogitou voltar a produzir (imagino que eu tenha sido ao menos um empurrãozinho). como sempre, nos demos bem, e, pelo jeito, ela também preza pelo Jeitinho, ainda que inconscientemente.
o disco acabou e recomeçou enquanto eu escrevia esse texto, e agora, ao final dele, ironicamente, tá tocando a minha atual favorita.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
http://www.youtube.com/watch?v=lAF8D0ugyVk
3h48 da manhã.
meu pai,
um homem de 47 anos, com casa, esposa, filha
uma família da qual eu não faço parte do porta-retrato
e um emprego à esperá-lo as 6 ou 7 horas da manhã,
acaba de ficar online no facebook.
ele pode ter acordado mais cedo pra ir trabalhar.
ele pode ter pego o celular pra ver algo e clicado no aplicativo.
ele pode ter deixado cair e a cachorra pisado, quem sabe.
ele pode ter deixado a disponibilidade da esposa e ela por poucos segundos acessou, por qualquer motivo.
ele pode ter deixado logado em outro PC e o respectivo dono abriu o facebook agora
ele pode estar inquieto.
qual pista de ainda haver sentimentos específicos ele pode me dar além dessa?
as vezes ele faz questão de jogar fora as características que tem em comum comigo.
as vezes ele pode ser como eu.
as vezes ele pode ter sido hackeado
logo deslogou.
fim da nossa conexão.
um homem de 47 anos, com casa, esposa, filha
uma família da qual eu não faço parte do porta-retrato
e um emprego à esperá-lo as 6 ou 7 horas da manhã,
acaba de ficar online no facebook.
ele pode ter acordado mais cedo pra ir trabalhar.
ele pode ter pego o celular pra ver algo e clicado no aplicativo.
ele pode ter deixado cair e a cachorra pisado, quem sabe.
ele pode ter deixado a disponibilidade da esposa e ela por poucos segundos acessou, por qualquer motivo.
ele pode ter deixado logado em outro PC e o respectivo dono abriu o facebook agora
ele pode estar inquieto.
qual pista de ainda haver sentimentos específicos ele pode me dar além dessa?
as vezes ele faz questão de jogar fora as características que tem em comum comigo.
as vezes ele pode ser como eu.
as vezes ele pode ter sido hackeado
logo deslogou.
fim da nossa conexão.
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
tecnicamente, não há nada mais (e que tenha de ser) cinza. nunca estive errado.
minha vida funciona como esse computador
aliás, esse computador é apenas uma extensão de mim
trava, vai devagar
quando travo, vou devagar
quando preciso agilizar
funcionar
quando ele precisa funcionar
o quê mais seria extensão de mim?
imageticamente falando...
o café de ainda pouco
o cigarro
as mãos trêmulas
alguma causa
mais alguma causa
essa máscara que cobre o que por de trás está morto
assim que funciona?
sou visto e escutado apenas pelas minhas extensões
tudo gira em torno das minhas asas pretas
mas a fumaça
e o reflexo dos leds ao meu redor
é azul como o meu eu próprio
minha extensão se faz real
travando
domingo, 28 de outubro de 2012
mas não cheguei lá ainda
saber que o fato de a água estar fria
é porque eu mudei a chavinha do chuveiro
diminuiria a intensidade
mas a surpresa existiu ainda assim
a porrada nas costas
mais ou menos programada
me fez pensar sobre qual seria a
equação necessária para uma revolução
e quantas as variáveis
talvez fosse complicado
talvez fosse tão simples como agir pelo instinto
o feromônio exalado durante multidões
gera a ação pela massa
à curto prazo, o bom e o ruim não pesam
e se você puder agir instintivamente e
não se arrepender depois?
minha intenção agora
será descobrir como chegar nessa variável
que depois a equação se resolve por si
felicidade, isso foi o máximo que consegui descobrir sobre você
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
o que, de fato, é passar-se despercebido?
(escrever no meio de duas pessoas num ônibus é que não o é)
se preocupar acerca de seu comportamento também não parece ser.
se ele não quiser, pra você, parecer como de fato está, não terá problema. mas e se ele cansou de ser confidente? e se cansou de se expor? não estaria se expondo mais, deixando claro que agora há, de fato, algo que o rasga mais, a ponto de nem querer deixar vazar mais nenhuma lamentação?
está preso a uma necessidade da qual está fadigado. e mesmo se contradizendo, precisou escrever esse texto.
terça-feira, 7 de agosto de 2012
título que eu quero dar por algum motivo obscuro
todo rompimento vai ser do mesmo jeito?
duvido. afinal, a gente sempre duvida. a última experiência (que deixou feridas) sempre é a que mais nos fez sofrer. mas essa é do tipo em que vou envelhecer e dizer que aquela é a garota que eu sempre amei.
as cartas, as músicas, as promessas e as lembranças. estarão sempre aqui, não tento sem sucesso jogar minhas memórias no lixo. essas, não outras. essas. como gostaria de que essas fossem reais assim como as vi. aliás, se o modo como as vi não bate com as realidades, então ou não chego perto de compreendê-las (bastante provável) ou o que eu vi não passou perto da realidade (também bastante provável).
o que é a realidade? a realidade é o que eu quero fotografar antes de fotografar. que eu quero escrever antes de escrever. a realidade além de tudo é algo que acontece independente de como a compreendemos. se a compreendemos, ela não é realidade. isto chama-se idealidade.
a minha idealidade é que você é tudo pra mim. a minha idealidade é dizer que não quero que você leia isso, mesmo querendo. é dizer que quero, mesmo não querendo. é dizer que quero, querendo. é dizer que não quero, não querendo. é que, a partir do momento que digo, deixa de ser a verdade. passa a ser somente a verdade que quero criar.
o meu karma é escrever tudo que me vem a cabeça, trazendo a idealidade sobre os fatos pra perto ou afastado-a. é escrever as nossas lembranças em papéis que não serão lidos (mas que eu queria que você de certa forma soubesse).
a minha idealidade poderia melhor representar a minha realidade caso eu conseguisse produzir algo diretamente com o que eu sinto, ouço, cheiro, toco e vejo. mas a graça está em tentar representar ela na maneira das linguagens que temos. as vezes queria poder fotografar o que os meus olhos estão vendo. - mesmo que eu esteja com a câmera, a fotografia não vai sair com o reflexo do meu rosto me encarando na parte escura do visor da mesma. por outro lado, até gosto desse limite da produção. mas também gosto de escrever sobre ele.
a realidade é que nós nunca vamos nos aproximar da realidade do que eu sinto por você, mas sei que sem juízo algum, deixei chegar nisso. na esperança colorida de um mundo cinza. não somente pelo nossos costumes e memórias, mas pela sua arte que me encanta.
a realidade é que mesmo consertando o que agora está quebrado, ainda não me satisfaria. mesmo ela hoje tendo deixado a estação dela passar de propósito. você não é uma peça quebrada no meu mosaico. nunca esteve comigo por completa. nunca fez parte dele, logo, não pode ser peça quebrada ou peça faltando. você também não é uma peça a mais no meu mosaico, aquela que não se encaixa. você o colore diferente, o leva para outras realidades. pra nossa idealidade. transformei tua imagem metamórfica no meu motor. motor que não pergunta e/ou não entende como o resto da máquina funciona.
~
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
vou para o lado contrário da garota bonita que trocava olhares comigo antes de fazer a baldeação. decidi fugir delas. talvez encarando o fato de não ver rostos bonitos e promessas de eternidade entre estações, eu estabilize em mim a minha condição de dias cinzas. talvez eu consiga aceitar o fato de que não a terei de volta.
tenho todo o tempo do mundo pra pensar nesse título, mas talvez eu só queira gastá-lo pensando no que mais escrever
tem um coração nessa página, talvez eu devesse escrever na próxima.
consegui uma caneta. precisava escrever. colocar em papel tamanha trapassa que deus me pregou. pra assim, talvez, dar um valor artístico a tanto lixo ininterrupto. estou no meio de duas garotas que podem estar lendo o que estou escrevendo. mas é, precisava escrever. não há nada na minha mochila que possa riscar o papel. nem ao menos algo para sujá-lo com as toneladas dos meus despejos. livros, revistas, carteiros, beós, cadernos, dinheiro... caneta, não.
~
ufa, peguei uma com o cobrador. uma delas (das garotas) está tentando ler. se pá, a outra também. não sei, me propus a evitar que a da esquerda lesse. é difícil arranjar uma posição.
acho que arranjei.
~
sabe quando tem uma fila de ônibus e o seu pára atrás de todos? você pensa: carai! parou! - e corre. ao chegar, a fila está andando e ele também. logo, a fila de pessoas que estava esperando também vai seguindo, e os espertos que esperaram no ponto, aonde estava o primeiro ônibus da fila e agora está o seu, entram primeiro. - não! eu preciso entrar primeiro. preciso pegar um lugar! preciso escrever!
vai, tem uns lugares. ficar na frente aqui no banco de idosos -que podem chegar logo menos, e eu precisar sair - logo, parar de escrever- ou passar e correr o risco dessas pessoas que estão passando serem mais do que a quantidade de bancos vagos (e assim, em pé, não poder escrever)? não posso calcular isso, tem gente atrás de mim. (tem um moleque falando mal do timão aqui.)
~eu deveria parar pra terminar de ler o hq, mas preciso escrever. corrijo os erros de português até aqui e talvez o processo todo tenha me feito esquecer algumas das coisas que ia escrever. precisava. passei quase que por cima daquele coração. escrevo com tanta pressa que talvez eu não entenda depois.~
caminhei até o último banco e sentei pra procurar a caneta. não achei, já disse. precisava escrever. nem no celular daria porque gastei a bateria mandando mensagens de pendências. inclusive, enquanto escrevia, recebi uma das respostas. não lembra quem eu sou. - deixei a mochila no banco e fui até o cobrador pedir. era mais fácil pedir às moças, mas o cobrador é neutro, não uma pessoa como as moças. é mecânico, feito pra cobrar, e, eventualmente, emprestar canetas. esses dias conheci um que lia livros. traidor. - voltei e havia uma moça quase sentando no meu lugar, quando a moça ao lado disse: tem um rapaz aqui. "e que precisa escrever!" - minha alma quase colocava isso de placa na minha cara.
agora, tendo certeza desse conforto de caneta na mão, as ideias que tive pra complementar a justificação desse texto sumiram. afinal, de qualquer modo, tá chegando o ponto final e eu tenho que devolver a caneta.
consegui uma caneta. precisava escrever. colocar em papel tamanha trapassa que deus me pregou. pra assim, talvez, dar um valor artístico a tanto lixo ininterrupto. estou no meio de duas garotas que podem estar lendo o que estou escrevendo. mas é, precisava escrever. não há nada na minha mochila que possa riscar o papel. nem ao menos algo para sujá-lo com as toneladas dos meus despejos. livros, revistas, carteiros, beós, cadernos, dinheiro... caneta, não.
~
ufa, peguei uma com o cobrador. uma delas (das garotas) está tentando ler. se pá, a outra também. não sei, me propus a evitar que a da esquerda lesse. é difícil arranjar uma posição.
acho que arranjei.
~
sabe quando tem uma fila de ônibus e o seu pára atrás de todos? você pensa: carai! parou! - e corre. ao chegar, a fila está andando e ele também. logo, a fila de pessoas que estava esperando também vai seguindo, e os espertos que esperaram no ponto, aonde estava o primeiro ônibus da fila e agora está o seu, entram primeiro. - não! eu preciso entrar primeiro. preciso pegar um lugar! preciso escrever!
vai, tem uns lugares. ficar na frente aqui no banco de idosos -que podem chegar logo menos, e eu precisar sair - logo, parar de escrever- ou passar e correr o risco dessas pessoas que estão passando serem mais do que a quantidade de bancos vagos (e assim, em pé, não poder escrever)? não posso calcular isso, tem gente atrás de mim. (tem um moleque falando mal do timão aqui.)
~eu deveria parar pra terminar de ler o hq, mas preciso escrever. corrijo os erros de português até aqui e talvez o processo todo tenha me feito esquecer algumas das coisas que ia escrever. precisava. passei quase que por cima daquele coração. escrevo com tanta pressa que talvez eu não entenda depois.~
caminhei até o último banco e sentei pra procurar a caneta. não achei, já disse. precisava escrever. nem no celular daria porque gastei a bateria mandando mensagens de pendências. inclusive, enquanto escrevia, recebi uma das respostas. não lembra quem eu sou. - deixei a mochila no banco e fui até o cobrador pedir. era mais fácil pedir às moças, mas o cobrador é neutro, não uma pessoa como as moças. é mecânico, feito pra cobrar, e, eventualmente, emprestar canetas. esses dias conheci um que lia livros. traidor. - voltei e havia uma moça quase sentando no meu lugar, quando a moça ao lado disse: tem um rapaz aqui. "e que precisa escrever!" - minha alma quase colocava isso de placa na minha cara.
agora, tendo certeza desse conforto de caneta na mão, as ideias que tive pra complementar a justificação desse texto sumiram. afinal, de qualquer modo, tá chegando o ponto final e eu tenho que devolver a caneta.
sábado, 12 de maio de 2012
domingo, 6 de maio de 2012
saber se colocar no seu lugar
(o termo é:
saber colocar-se no seu devido lugar)
é interrompido ao tentar passar pela catraca:
uma mulher com uma cesta está vendendo trufas para os passageiros do outro lado da mesma.
tem fome, mas vai esperar chegar em casa para jantar como todo cara convencional.
porra, tem tanta vontade de comer aquela trufa de maracujá... mas ah, agora já está sentado. imagina levantar e pedir uma trufa? para quê se expor desse jeito?
afinal, já não foi o suficiente para um fim de semana? fim do ano... pode chamar como quiser...
"se tiver uma moeda de um conto aqui no bolso da frente, firmeza,
que vá junto com a minha insegurança".
há meses já com essa amiga, ele resolve fazer o que tem de fazer: comprar, pois então, a trufa de maracujá.
delicia-se com sua aquisição - possessão momentânea -, até que a moça bonita que agora subiu ao ônibus passa ao seu lado enquanto há resquícios da guloseima em seu bigode.
saber colocar-se no seu devido lugar)
é interrompido ao tentar passar pela catraca:
uma mulher com uma cesta está vendendo trufas para os passageiros do outro lado da mesma.
tem fome, mas vai esperar chegar em casa para jantar como todo cara convencional.
porra, tem tanta vontade de comer aquela trufa de maracujá... mas ah, agora já está sentado. imagina levantar e pedir uma trufa? para quê se expor desse jeito?
afinal, já não foi o suficiente para um fim de semana? fim do ano... pode chamar como quiser...
"se tiver uma moeda de um conto aqui no bolso da frente, firmeza,
que vá junto com a minha insegurança".
há meses já com essa amiga, ele resolve fazer o que tem de fazer: comprar, pois então, a trufa de maracujá.
delicia-se com sua aquisição - possessão momentânea -, até que a moça bonita que agora subiu ao ônibus passa ao seu lado enquanto há resquícios da guloseima em seu bigode.
quinta-feira, 29 de março de 2012
seis meses no mar, levando sete coisas no bolso
para vocês, -até então- caríssimos,
sobraria amor
se ele não tivesse bloqueado pela arte dela
sobraria foco
se a sua ausência não caracterizasse o vazio
não há aproveitamento.
preso em uma carcaça (de um navio) cinza
toda intensidade o consome
como ouvinte, enxergo:
teus movimentos são artísticos
mais que poesia
tua presença me ambienta
e eu não sei o que fazer com tamanha inquietação
você é música
sobraria amor
se ele não tivesse bloqueado pela arte dela
sobraria foco
se a sua ausência não caracterizasse o vazio
não há aproveitamento.
preso em uma carcaça (de um navio) cinza
toda intensidade o consome
como ouvinte, enxergo:
teus movimentos são artísticos
mais que poesia
tua presença me ambienta
e eu não sei o que fazer com tamanha inquietação
você é música
sexta-feira, 9 de março de 2012
deixa
deixe-me te idealizar
(em busca do sossego)
deixei-me idealizar
deixei-me e me romantizei
com caderno e caneta estou, dentro do 3391/31
romantizei-me
romantizei-me e me perdi
no teu rastro, perdi-me
perdi-me e me esqueci
do cinza, esqueci-me
esqueci-me e me felicito
por poder te odiar, felicito-me
felicito-me e te odeio
por não ter-te, odeio-te
odeio-te e me alheio
por disseminar minha idealização, alheio-me
alheio-me e me acinzento novamente
portanto, moça bonita,
deixarei-me levar
porém
não deixe-me ter-te
deixe-me te idealizar
(em busca do sossego)
deixei-me idealizar
deixei-me e me romantizei
com caderno e caneta estou, dentro do 3391/31
romantizei-me
romantizei-me e me perdi
no teu rastro, perdi-me
perdi-me e me esqueci
do cinza, esqueci-me
esqueci-me e me felicito
por poder te odiar, felicito-me
felicito-me e te odeio
por não ter-te, odeio-te
odeio-te e me alheio
por disseminar minha idealização, alheio-me
alheio-me e me acinzento novamente
portanto, moça bonita,
deixarei-me levar
porém
não deixe-me ter-te
deixe-me te idealizar
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
o nome deste vai ser:
achei que fosse São Paulo
achei que fosse o relativismo
achei que fosse o ócio
achei que fosse o machismo
achei que fosse o tênis
achei que fosse a academia
achei que fosse a família
achei que fosse o mal cheiro
achei que fosse a sociedade
achei que fosse o sistema
achei que fosse a aceitação
achei que fosse a estabilidade
achei que fosse a instabilidade
achei que fosse a improdutividade
achei que fosse a precariedade
achei que fosse a fita
achei que fosse o vício
achei que fosse o sonho
achei que fosse a arte
achei que fosse a hora
achei que fosse o futuro
achei que fosse a ausência
achei que fosse o orgulho
achei que fosse o preconceito
achei que fosse a melhor pior
achei que fosse a melhor
achei que fosse a super-lotação
achei que fosse o peso
achei que fosse o compasso
achei que fosse A silhueta
achei que fosse o tamanho
achei que fosse a descrença
achei que fosse a distância
achei que fosse o brasileirismo
achei que fosse a nostalgia
achei que fosse o achismo
anemia.
achei que fosse o relativismo
achei que fosse o ócio
achei que fosse o machismo
achei que fosse o tênis
achei que fosse a academia
achei que fosse a família
achei que fosse o mal cheiro
achei que fosse a sociedade
achei que fosse o sistema
achei que fosse a aceitação
achei que fosse a estabilidade
achei que fosse a instabilidade
achei que fosse a improdutividade
achei que fosse a precariedade
achei que fosse a fita
achei que fosse o vício
achei que fosse o sonho
achei que fosse a arte
achei que fosse a hora
achei que fosse o futuro
achei que fosse a ausência
achei que fosse o orgulho
achei que fosse o preconceito
achei que fosse a melhor pior
achei que fosse a melhor
achei que fosse a super-lotação
achei que fosse o peso
achei que fosse o compasso
achei que fosse A silhueta
achei que fosse o tamanho
achei que fosse a descrença
achei que fosse a distância
achei que fosse o brasileirismo
achei que fosse a nostalgia
achei que fosse o achismo
anemia.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
por que costumamos ter ideias justo no banho?
a reposta é simples: porque sabemos que vamos dedicar aqueles 10/20/30/40 minutos ao banho; assim, não nos culpamos por estar disperdiçando tempo.
e o quê é que isso tem a ver?
a maior parte do nosso "tempo livre", passamos nos culpando por não estarmos resolvendo algum problema da nossa vida. (ter ideias salvadoras está incluso nisso.) "eu deveria estar estudando"; "será que dá tempo de consertar aquela cadeira?"; "preciso fazer as ligações acumuladas da semana", são propostas que o nosso consciente nos faz ao liberarmos um tempinho livre. regozijar do seu
tempo livre é importante, mas sabemos que com a correria que enfrentamos dia-a-dia, é muito difícil ser pleno nas horas de sossego.
outra maneira de tentar esquecer tais problemas é se distraindo. televisão, internet, música etc. porém, seu foco vai para a informação que você está recebendo e/ou enviando. somos uma era de vício em informação, não ficamos sossegados "fazendo nada".
dentro do chuveiro, você não pode encurtar as suas tarefas do dia, não pode se distrair. você sabe disso. você entra lá com o objetivo final de sair limpo, e, para isso, basta se lavar.
lavar-se não exige constante pensamento e reflexão, então sobra um tempinho. você não sabe, mas seu inconsciente sabe, muito bem, o que fazer com esse tempo. ele te leva embora, baseado nas suas preocupações e coisas que insistem em ficar na sua cabeça (mulheres, músicas, trabalhos etc) mas, como você não pode fazer nada por essas preocupações, ali, se lavando, o seu cérebro se encarrega de planejar ideias para as melhores resoluções. ter ideias artísticas também está envolvido. (no meu caso, principalmente, que sou vagabundo.)
assim como deitar para dormir, enfiar-se num chuveiro para o merecido banho também estimula a formulação de ideias. isso acontece pelo estilo de vida que levamos, que não parece muito saudável, né?
e o quê é que isso tem a ver?
a maior parte do nosso "tempo livre", passamos nos culpando por não estarmos resolvendo algum problema da nossa vida. (ter ideias salvadoras está incluso nisso.) "eu deveria estar estudando"; "será que dá tempo de consertar aquela cadeira?"; "preciso fazer as ligações acumuladas da semana", são propostas que o nosso consciente nos faz ao liberarmos um tempinho livre. regozijar do seu
tempo livre é importante, mas sabemos que com a correria que enfrentamos dia-a-dia, é muito difícil ser pleno nas horas de sossego.
outra maneira de tentar esquecer tais problemas é se distraindo. televisão, internet, música etc. porém, seu foco vai para a informação que você está recebendo e/ou enviando. somos uma era de vício em informação, não ficamos sossegados "fazendo nada".
dentro do chuveiro, você não pode encurtar as suas tarefas do dia, não pode se distrair. você sabe disso. você entra lá com o objetivo final de sair limpo, e, para isso, basta se lavar.
lavar-se não exige constante pensamento e reflexão, então sobra um tempinho. você não sabe, mas seu inconsciente sabe, muito bem, o que fazer com esse tempo. ele te leva embora, baseado nas suas preocupações e coisas que insistem em ficar na sua cabeça (mulheres, músicas, trabalhos etc) mas, como você não pode fazer nada por essas preocupações, ali, se lavando, o seu cérebro se encarrega de planejar ideias para as melhores resoluções. ter ideias artísticas também está envolvido. (no meu caso, principalmente, que sou vagabundo.)
assim como deitar para dormir, enfiar-se num chuveiro para o merecido banho também estimula a formulação de ideias. isso acontece pelo estilo de vida que levamos, que não parece muito saudável, né?
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