sexta-feira, 23 de agosto de 2013

agora com maiúscula (ou Resultado de uma imersão em fotos que me marcaram no face, ano passado)

na hora que guardei o livro pra pegar o caderno e escrever isso, começou, no mobile, a tocar "Troubbble", do Stephen Malkmus. agora já acabou, mas ela tem a ver com o que vem pela frente.

em 2004, conheci duas garotas que eram amigas, e uma delas me apresentou o artista mencionado e o disco em que essa música se encontra. o levei pra casa e o dichavei, principalmente a música citada. o coloquei no celular pra ouvir no mês passado, coincidentemente, porque há duas semanas ela me visitou e hoje novamente a encontrei. o fato é que em 2008 nos afastamos e, hoje, ela, casada, leva uma vida muito diferente da que levávamos e da que atualmente levo. então, por conta disso, perdi o contato com ela - a convivência, os costumes, gostos e opiniões que tínhamos em comum - o que não nos impediu de marcar essas reuniões.
hoje, completamente mudado (convivi com ela enquanto tínhamos, respectivamente, eu e ela, dos 12 aos 16 e 19 aos 23 anos), fui até sua nova casa para conhecer seu espacinho, sua parceira e parte da sua vida. o que me levou a questionar: por que nos gostamos? por que insistimos, agora, depois de anos? desde esses encontros, não a via desde 2010 - estamos em 2013. o que mantém os amigos ligados, se não os costumes, gostos, opiniões e convivência, se somente, em último caso, forçada? o que nos mantém ligados? um passado em comum? um carinho pelas afetividades passadas, em comum? mas e se o que nos ajudou a construir esse afeto na época, hoje não existe mais?
estou feliz de voltar a vê-la, poder tentar planejar algo para alguma parte do futuro em que ela exista. conversar e conhecer esse novo "eu" dela, 3 (ou 5, se for pra ser justo) anos envelhecido, vivido, passado por dificuldades, realidades, idealidades, mundos, sorrisos e lágrimas que se formaram longe de mim. mas e ela? ela ficou feliz! mas por quê? será que ela ainda me reconhece? ou será que ela tá gostando de poder se relacionar com esse novo amigo, o "novo eu"?
sabemos, ao trocar palavras, feições e gestos, que somos estranhos. mas, de certa forma, eu ainda a reconheço. não sei se ela mudou tanto, mas ainda que sim, eu a reconheceria. o jeitinho - que é o que, na verdade, me liga às pessoas - não muda. não mudou nela, não mudou em mim. pode ter sofrido alterações, mas esse Jeitinho, que é o... perdão, O modo de interagir e correlacionar-se com o seu redor, adquirido a partir do momento em que se tem o primeiro contato com a linguagem, não se desintegra assim. todo mundo tem isso, uns mais específicos que outros, eu diria, sendo grosso, ao menos ao passar pelo meu "filtro". por exemplo, eu já deixei de sentir saudades de alguém  por ter me aproximado de outro alguém com o Jeitinho muito parecido - as vezes, até o momento (ou não), inconscientemente.
acho que ela gostou do que eu sou hoje. até cogitou voltar a produzir (imagino que eu tenha sido ao menos um empurrãozinho). como sempre, nos demos bem, e, pelo jeito, ela também preza pelo Jeitinho, ainda que inconscientemente.

o disco acabou e recomeçou enquanto eu escrevia esse texto, e agora, ao final dele, ironicamente, tá tocando a minha atual favorita.