quarta-feira, 26 de outubro de 2011

por que costumamos ter ideias justo no banho?

a reposta é simples: porque sabemos que vamos dedicar aqueles 10/20/30/40 minutos ao banho; assim, não nos culpamos por estar disperdiçando tempo.

e o quê é que isso tem a ver?

a maior parte do nosso "tempo livre", passamos nos culpando por não estarmos resolvendo algum problema da nossa vida. (ter ideias salvadoras está incluso nisso.) "eu deveria estar estudando"; "será que dá tempo de consertar aquela cadeira?"; "preciso fazer as ligações acumuladas da semana", são propostas que o nosso consciente nos faz ao liberarmos um tempinho livre. regozijar do seu
tempo livre é importante, mas sabemos que com a correria que enfrentamos dia-a-dia, é muito difícil ser pleno nas horas de sossego.

outra maneira de tentar esquecer tais problemas é se distraindo. televisão, internet, música etc. porém, seu foco vai para a informação que você está recebendo e/ou enviando. somos uma era de vício em informação, não ficamos sossegados "fazendo nada".

dentro do chuveiro, você não pode encurtar as suas tarefas do dia, não pode se distrair. você sabe disso. você entra lá com o objetivo final de sair limpo, e, para isso, basta se lavar.

lavar-se não exige constante pensamento e reflexão, então sobra um tempinho. você não sabe, mas seu inconsciente sabe, muito bem, o que fazer com esse tempo. ele te leva embora, baseado nas suas preocupações e coisas que insistem em ficar na sua cabeça (mulheres, músicas, trabalhos etc) mas, como você não pode fazer nada por essas preocupações, ali, se lavando, o seu cérebro se encarrega de planejar ideias para as melhores resoluções. ter ideias artísticas também está envolvido. (no meu caso, principalmente, que sou vagabundo.)

assim como deitar para dormir, enfiar-se num chuveiro para o merecido banho também estimula a formulação de ideias. isso acontece pelo estilo de vida que levamos, que não parece muito saudável, né?

sábado, 22 de outubro de 2011

esta sim. endereçada.
Rua Coronel Etelvino Porto, nº 142, casa 2.
engraçado, quase curioso, pensar ser a segunda vez ver a sua morada no mesmo CEP que o dele.
hoje, vazio de amor, este endereço possui apenas interrogações que ele não faz questão que deixem de ser apenas interrogações.
engraçado, quase curioso, notar que ao escrever esse verso, passa, por meio de um transporte público, na travessa da sua atual morada.
hoje, vazio de conforto, fica a saudade do sofá. da cama, dos posteres e de como aquilo o fazia se sentir em casa.

não estava longe dela. este endereço ficava apenas a 10 passos, uma coçada, um grito (pois a campainha derrubava a internet) e uma olhada pro chão, da sua casa.
amor, não diretamente declarado, era o que sentia em reciprocidade.
conforto, por resultado, sua maior conquista. uma conquista que desde que o abandonou separando morada e morador, fez tornar engraçado, quase curioso, o rumo que sua vida tomou e o fato de ser o único bem a querer vir a conquistar.

Deus (pareceu bem melhor na minha cabeça)

salvei, creio eu, um cachorro.

desci do ônibus e duas coisas tiraram a minha concentração -que por sinal estava no Waited Up 'til it was Light do Johnny Foreigner-. a primeira foi um cara querendo puxar assunto, provavelmente com o intuito de me tirar algum pertence, que desviou o olhar logo que o encarei. nada de mais, foi a segunda que me fez escrever: um cachorro sendo arremessado pra frente por um carro, em plena -e movimentada- Avenida São Miguel.

atravessei a avenida e rapidamente o tirei dali. o coloquei no espaço seguro que há entre as vias da avenida, o qual agora me foge o nome. esperei, segurando-o, pela via livre para atravessar. aliás, segurando-a. era uma cadela. (que logo depois descobri que havia dado cria há alguns dias). atravessei-a e, na rua, já havia se formado uma multidão. ouvi uma voz irritante. "é meu. é minha, a cachorra é minha. sou a dona." a velha gorda se aproxima.

atravesso, após pedidos, a cachorra pro outro lado da avenida. quis sim, cuidar da cachorra. e foi isso que me espantou, da maneira mais imatura possível, ao esperar (ou não esperar nada) um "brigado viu moço" e ouvir um "graças a Deus, glórias a ele."

imaturidade minha ter me espantado e dito "quem salvou a cachorra fui eu".
e como ela está? tem uns cortes no rosto e sente dores pelo corpo. ah, está bem. eu, Deus, estou tomando providências.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

já tinha se acostumado com o seco, já que os incêndios do nulo me ajudam a suar

eu tenho a necessidade de escrever essa carta.
endereçada? talvez. não diria.

afinal, de quê serve botar algo no papel se não vai pra ninguém?
pergunta recorrente que sempre me volta com uma resposta diferente. (o que não significa que sejam contraditórias - no caso, apenas complementares)
se expressar, descarregar tramas e dramas? sim, por que não?
mas hoje cheguei a conclusão de que fazer arte é uma forma de fazer-se humano.
óbvio, eu sei. mas eu nunca tinha visto por esse lado.

construir-se humano. dar uma forma ao eu lírico e/ou simplesmente autor da determinada obra.
reproduzir-se humano. reproduzir-se de todas as formas que o humano pode tomar: selvagem e primitiva, carente e afável, doce e receptivo, egoísta ou caridoso (por mais que tudo isso na verdade gire em torno do ego), dentre outras formas.
mostrar-se humano. dar valor artístico a um comportamento humano faz melhor ser entendido, não faz? um pouco de nós sempre busca aceitação, mesmo que seja a nossa própria aceitação após ler o texto e pensar "viu só? faz sentido."
livrar-se do humano. é pesado carregar tudo isso, não? o mundo não tem espaço pras suas lamentações - é na arte que você, em parte, se livra delas. se livra e está pronto para viver por aí se adequando aos outros, até que algo te atormenta (pro "bem" ou pro "mal") novamente e te faz botar no papel alguma coisa.

apesar que, pensando bem, eu posso estar errado. isso deveria fazer de mim uma pessoa mais leve que as pessoas que não se fazem de arte, não deveria?
bom, quem vai dizer que não é assim? são só pontos de vista.

sábado, 1 de outubro de 2011

demais

sujo demais para defecar.