segunda-feira, 17 de outubro de 2011

já tinha se acostumado com o seco, já que os incêndios do nulo me ajudam a suar

eu tenho a necessidade de escrever essa carta.
endereçada? talvez. não diria.

afinal, de quê serve botar algo no papel se não vai pra ninguém?
pergunta recorrente que sempre me volta com uma resposta diferente. (o que não significa que sejam contraditórias - no caso, apenas complementares)
se expressar, descarregar tramas e dramas? sim, por que não?
mas hoje cheguei a conclusão de que fazer arte é uma forma de fazer-se humano.
óbvio, eu sei. mas eu nunca tinha visto por esse lado.

construir-se humano. dar uma forma ao eu lírico e/ou simplesmente autor da determinada obra.
reproduzir-se humano. reproduzir-se de todas as formas que o humano pode tomar: selvagem e primitiva, carente e afável, doce e receptivo, egoísta ou caridoso (por mais que tudo isso na verdade gire em torno do ego), dentre outras formas.
mostrar-se humano. dar valor artístico a um comportamento humano faz melhor ser entendido, não faz? um pouco de nós sempre busca aceitação, mesmo que seja a nossa própria aceitação após ler o texto e pensar "viu só? faz sentido."
livrar-se do humano. é pesado carregar tudo isso, não? o mundo não tem espaço pras suas lamentações - é na arte que você, em parte, se livra delas. se livra e está pronto para viver por aí se adequando aos outros, até que algo te atormenta (pro "bem" ou pro "mal") novamente e te faz botar no papel alguma coisa.

apesar que, pensando bem, eu posso estar errado. isso deveria fazer de mim uma pessoa mais leve que as pessoas que não se fazem de arte, não deveria?
bom, quem vai dizer que não é assim? são só pontos de vista.

6 comentários:

  1. o título veio de um lugar, claro. veio dessa música: http://www.youtube.com/watch?v=oCdXXQda0xo

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  2. acho que em tudo tem um pouco de arte... ou a arte tomou partido em um pouco de tudo. lembro-me quando o papel virou mais morada daquilo que eu amava, do que a própria que eu amava.

    acho que depois de conhecer a arte, ela é um pouco de tudo.

    são só pontos de vista mesmo.

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  3. bls agora resolve essa conta aqui
    x³ = 1 , x pertence aos complexos

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  4. "lembro-me quando o papel virou mais morada daquilo que eu amava, do que a própria que eu amava."

    isso é totalmente paralelo e ao mesmo tempo complementar ao meu texto, valeu! volte sempre!

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  5. acho que a arte pra mim deve ser um complexo reprimido de atenção

    (ps: queria dar um like no inss)

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  6. apesar de eu não ter especificado isso, meio que está incluso no "construir-se".
    muito bom complemento, valeu!

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