sexta-feira, 24 de setembro de 2010

perdoem-me o assunto extremamente clichê: nostalgia

nostalgia, sensação burguesa. sabe, de rico. afinal, nem todo mundo conhece o significado dessa palavra. tenho ouvido falar bastante nela nesses últimos anos. deve ser a globalização. gente com nostalgia, depressão, bipolaridade e essas coisas do mundo moderno, you know.
a nostalgia, em mim, vem carregada de tristeza. mas é como música, a mesma que lhe causa certa dor, as vezes te conforta, como um ciclo.
mas ter sentimentos não é coisa de rico. chamo a nostalgia de coisa de rico porque ela está entre duas sensações e uma delas é o dejavu. (pane que só dá em mente de rico.) a outra é a saudade, um pouco mais comum pro povo brasileiro.
é como o dejavu pois você parece sentir aquilo novamente. é como sentir que não mais viveu, depois do momento em questão, que não possui mais experiências. como se tivesse restaurado o sistema de um computador e parasse ali, sem atualizações. por quanto tempo a nostalgia durasse.
eu sei, parece delicioso. mas não é. te falta ainda alguma coisa, porque você não está de fato vivendo aquilo, só parece. (mesmo que muito.) essa é a dor e é aqui que está a pitada de saudade. uma pitada que faz muita, e se me permite dizer, toda a diferença.
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bom, acontece que estava eu em santo andré (sentado no ponto, esperando ônibus para voltar pro serviço) quando uma senhora, uma velha, sentou ao meu lado com aquele perfume. eu não tinha noção de onde eu conhecia aquele cheiro, mas tinha (e tenho) a certeza de que o conhecia. (e vai ver era de algum perfume antigo.)
ouvindo 'Pine' do Oceansize (no mp3) me dei conta de que passei a música toda naquela minha percepção olfatal.
a nostalgia é algo comum, mas nesses casos -quando se dá pelo cheiro- o buraco é mais embaixo. você é transportado de corpo e alma. raramente a sinto, como senti nesse dia. enquanto a música rolava, meus olhos não mais enxergavam a doença do mundo. mas nem eu sabia o que estavam enxergando!
como num filme, a música acabou e só aí fui me dar conta de que aquela senhora já havia pego o ônibus e que talvez eu nunca mais fosse sentir aquele cheiro novamente.
ela me apareceu como um anjo. um anjo que abriu minhas feridas, me trouxe dor e levou embora a minha esperança do tão sonhado passado.

2 comentários:

  1. putz...nostalgia com cheiros..é algo rarissímo, mas ótimo.

    parece que esses tipos de nostalgia mais raras são sempre de quando éramos pequenos, bem crianças (e são as melhores talvez por isso).

    abraço

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  2. putz, sempre tenho dessas ._.

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