sexta-feira, 3 de agosto de 2012

tenho todo o tempo do mundo pra pensar nesse título, mas talvez eu só queira gastá-lo pensando no que mais escrever

tem um coração nessa página, talvez eu devesse escrever na próxima.


consegui uma caneta. precisava escrever. colocar em papel tamanha trapassa que deus me pregou. pra assim, talvez, dar um valor artístico a tanto lixo ininterrupto. estou no meio de duas garotas que podem estar lendo o que estou escrevendo. mas é, precisava escrever. não há nada na minha mochila que possa riscar o papel. nem ao menos algo para sujá-lo com as toneladas dos meus despejos. livros, revistas, carteiros, beós, cadernos, dinheiro... caneta, não.
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ufa, peguei uma com o cobrador. uma delas (das garotas) está tentando ler. se pá, a outra também. não sei, me propus a evitar que a da esquerda lesse. é difícil arranjar uma posição.
acho que arranjei.
~
sabe quando tem uma fila de ônibus e o seu pára atrás de todos? você pensa: carai! parou! - e corre. ao chegar, a fila está andando e ele também. logo, a fila de pessoas que estava esperando também vai seguindo, e os espertos que esperaram no ponto, aonde estava o primeiro ônibus da fila e agora está o seu, entram primeiro. - não! eu preciso entrar primeiro. preciso pegar um lugar! preciso escrever!
vai, tem uns lugares. ficar na frente aqui no banco de idosos -que podem chegar logo menos, e eu precisar sair - logo, parar de escrever- ou passar e correr o risco dessas pessoas que estão passando serem mais do que a quantidade de bancos vagos (e assim, em pé, não poder escrever)? não posso calcular isso, tem gente atrás de mim. (tem um moleque falando mal do timão aqui.)
~eu deveria parar pra terminar de ler o hq, mas preciso escrever. corrijo os erros de português até aqui e talvez o processo todo tenha me feito esquecer algumas das coisas que ia escrever. precisava. passei quase que por cima daquele coração. escrevo com tanta pressa que talvez eu não entenda depois.~
caminhei até o último banco e sentei pra procurar a caneta. não achei, já disse. precisava escrever. nem no celular daria porque gastei a bateria mandando mensagens de pendências. inclusive, enquanto escrevia, recebi uma das respostas. não lembra quem eu sou. - deixei a mochila no banco e fui até o cobrador pedir. era mais fácil pedir às moças, mas o cobrador é neutro, não uma pessoa como as moças. é mecânico, feito pra cobrar, e, eventualmente, emprestar canetas. esses dias conheci um que lia livros. traidor. - voltei e havia uma moça quase sentando no meu lugar, quando a moça ao lado disse: tem um rapaz aqui. "e que precisa escrever!" - minha alma quase colocava isso de placa na minha cara.

agora, tendo certeza desse conforto de caneta na mão, as ideias que tive pra complementar a justificação desse texto sumiram. afinal, de qualquer modo, tá chegando o ponto final e eu tenho que devolver a caneta.

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